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As regras, as táticas e a estratégia: que campeonato sua empresa joga?

Foto do escritor: Renê RuggeriRenê Ruggeri

Há três tipos de jogo de futebol: o jogo de crianças, o jogo de adultos e o jogo profissional. Você pode distingui-los pelo tipo de planejamento que possuem (não pela idade dos jogadores).


As crianças precisam apenas de uma bola, um campo e dois times. E mesmo que sejam improvisados, já é suficiente. As regras são muito simples e podem sofrer ajustes conforme a vontade dos jogadores. “Quem perder o dois ou um vai no gol!”, ou “Só vale gol dentro da área!”.


Os adultos são mais sérios: a bola deve ser de qualidade, o campo deve ter as marcações adequadas, os times precisam de camisas próprias e as regras são mais rigorosas e numerosas. Em geral os jogadores são previamente escolhidos e jogam juntos com alguma frequência. Se houver um juiz nas partidas, melhor, pois sua autoridade é respeitada (sua mãe, as vezes, nem tanto). O jogo é levado a sério e ocorre com empenho, em respeito às expectativas dos companheiros de equipe.


O nível profissional é bem mais exigente. O time é uma organização formal, atendido por profissionais. Jogar não é uma diversão, é um trabalho. Os atletas recebem treinamento formal e científico. A bola, o campo e todos os recursos da partida são rigorosamente normatizados e devem atender requisitos de qualidade exigentes. A composição dos times é primorosamente planejada, em busca de profissionais com as habilidades necessárias às suas funções. Não se pensa num jogo, mas em vários jogos que compõem um campeonato. O que ocorre nos times adversários passa a ser ponto de preocupação, pois as vitórias significam os ganhos que mantêm o “negócio” bem-sucedido. Os clubes não existem por acaso, foram criados com propósitos específicos e, para cumprir estes propósitos, são cobrados e fiscalizados por seus instituidores e investidores.


O futebol das crianças não exige praticamente planejamento algum. O de adultos já demanda que uma estrutura mínima seja previamente providenciada e funcione adequadamente. O nível profissional impõe que tudo seja pensado com rigor, formalizado e executado conforme padrões e regras rígidas.


Se o jogo for outro, as coisas não mudam. Mesmo que seja um jogo de mercado, com uma atividade mais comercial ou industrial. Para ser profissional, é preciso investir em planejamento e numa execução pautada por rigorosos requisitos de conformidade.



Acredite, empresas quando nascem são crianças, meio soltas. Em geral não possuem um posicionamento claro de longo prazo, as regras vão sendo criadas na medida da necessidade, os requisitos vão sendo descobertos com a vivência e os padrões surgem conforme a vontade dos jogadores. Pode-se dizer que a empresa começa a ficar adulta quando já não aceita mais que as coisas sejam feitas à vontade por qualquer membro, ou seja, há regras e padrões cuja obediência é condição para permanecer no time. Há expectativas em relação à sua operação que precisam ser respeitadas.


Pular para o nível profissional é árduo, mas necessário, à medida que cresce.

As empresas que possuem uns poucos donos envolvidos em sua operação normalmente são do tipo adultas. Se o dono da bola, ou o dono das camisas vai pra casa, o jogo acaba. Se o dono do campo precisa fechar o espaço, o jogo acaba. Tudo existe e depende dos jogadores, por melhor que funcione.


Empresas que atingem o nível profissional podem depender dos dirigentes para chegar ao melhor desempenho, mas podem trocar qualquer jogador e continuar operando. Os jogadores influenciam a operação, mas ela não depende de um ou outro, pois qualquer um pode ser substituído, inclusive o dono, pois uma operação profissional pode ser vendida para terceiros e continuar operando. O desempenho médio está mais atrelado aos processos consolidados na operação do que aos jogadores.


Uma criança sonha com o futuro e vai dançando conforme a música à medida que cresce. Uma empresa criança é mais ou menos igual, possui expectativas para o futuro e vai dançando conforme as oportunidades surgem,


Um adulto tem opinião, planeja seu futuro e faz o que é preciso para fazer as coisas acontecerem. É dono do próprio nariz. Uma empresa adulta pode até sonhar, mas se pauta pela realidade e tem consciência dela. Faz o que julga necessário, com base no que é capaz, para atingir seus objetivos que, aliás, são traçados com base no desejo dos dirigentes (que costumam ser os donos). É comum que as empresas façam o que o dono deseja, o que nem sempre condiz com o que é necessário para ganhar um campeonato. É preciso saber em qual campeonato entrar.


Uma empresa profissional não sonha, ela constrói uma visão do seu futuro baseada em dados da sua realidade e dos campeonatos que quer jogar. Ela não pega qualquer oportunidade, mas apenas as que contribuem para atingir a visão construída e que é coerente com sua missão. Ela não pensa em jogos individuais, pois tem consciência de que precisa pensar no campeonato. Sabe que uma vitória não garante o prêmio. Mobiliza dirigentes e jogadores conforme as habilidades necessárias para concretizar seus planos em direção aos objetivos e metas traçados para concretizar sua visão e cumprir sua missão.


A operação de uma empresa em nível profissional é pautada por rígidos parâmetros e requisitos, que são estabelecidos num planejamento operacional detalhadamente pensado. A execução das tarefas depende da competência (conhecimento, habilidades e atitude) dos jogadores em executar com maestria processos bem definidos. O centro avante é especialista em marcar gols, os jogadores de defesa são especialistas em dar segurança para os demais possam olhar pra frente e o meio de campo tem visão para distribuir as jogadas. E nada disso prescinde de uma equipe técnica liderada por um gestor, muito bem assessorado, que concebeu e constrói a cada dia a tática para realizar a visão da empresa.


Veja que há gestores especialistas em estruturar times bons (operação)para estabelecer padrões de jogo e dar robustez à equipe, no sentido de consolidar um desempenho durantes as partidas. Há outros gestores hábeis em criar táticas para atingir metas e objetivos, ganhar campeonatos. E há gestores visionários que nem sempre dominam a arte do jogo no campo, mas sabem direcionar o clube e criar as condições adequadas para atingir níveis mais altos de desempenho, ou de profissionalismo.


A grande questão é que uma empresa em nível profissional precisa de operação planejada e consolidada em processos, para que não dependam dos jogadores para um desempenho normal; precisa de tática para planejar a conduzir a visão, atingindo as metas (campeonatos) mais desejadas ou necessárias; e precisa de estratégia para escolher os campeonatos que vai jogar, mantendo viva a missão e construindo novas visões de futuro cada vez mais realizadoras do propósito do clube.

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